terça-feira, 16 de junho de 2009


Um estudo do Sipri (Instituto Sueco que estuda indústria de armamentos em todo o planeta) divulgou o seu relatório de 2007, e mostrou que a despesa militar no mundo em 2006 chegou a US$ 1,2 trilhão, um aumento de 3,5% em relação a 2005 e de 37% em 10 anos. A despesa média per capta subiu de US$ 173 para US$ 184. Os maiores gastos internacionais foram dos EUA, que de 2001 a 2006 desembolsou um total de US$ 432 bilhões anualmente e que, segundo as estimativas para 2016 para a Guerra do Iraque, deve despender um total de US$ 2,2 trilhões. Até o momento é o país que mais gasta em armamento, mais ou menos 46% do total mundial. Os EUA venderam em 2005 US$ 290 bilhões ou 63% do total e 32 empresas européias são responsáveis por 29% do total.
A indústria dos armamentos é uma das mais lucrativas do mundo e gera trilhões de dólares, que vão para as mãos dos mercadores da morte, que leva à catástrofes humanitárias em várias partes do mundo. O maior fabricante de armas do mundo é o império norte-americano, que tem interesse em fomentar guerras em vários países para lucrar com a desgraça alheia que fere, mata, mutila e destrói a economia de nações inteiras. Mas o sistema capitalista vive da destruição das forças produtivas, como tão bem analisou Marx, para depois reconstruir a parte física do capital e eliminar o excedente dos seres humanos e, assim, dar sobrevida ao seu sistema injusto e desumano. A Guerra do Iraque e do Afeganistão são genocidas, para tomar, à força, o petróleo destas duas nações asiáticas. Apesar das perdas humanas dos dois lados, a indústria bélica fomenta os conflitos para vender armas cada vez mais potentes e mortais, pois o sistema capitalista não tem ética por ter como objetivo maior o lucro a qualquer preço, seja como for, matando, roubando, torturando e envenenando as populações envolvidas nas guerras
O filme “O Senhor das Armas” mostra uma trajetória de uma bala de fuzil, da fabricação até seu uso. Uma síntese de como o contrabando possibilita que uma bala fabricada na Rússia acabe na testa de um garotinho africano.
A explicação sobre a história da arma AK-47 é bastante ''interessante, ou importante'' para o contexto brasileiro, pois a arma é uma das favoritas dos traficantes. Outra constatação irritante é a existência de brechas jurídicas que possibilitam a legalidade na venda de armas. Jack Valentine (Ethan Hawke) é um tipo de policial da Interpol que tenta prender Yuri, mas não consegue devido as falhas da legislação. Yuri conhece as leis e tenta realizar seu trabalho dentro dessa falhas. Isso quer dizer que quem faz essas leis ou faz de má fé tendo interesses na área ou por incompetência, não sabe nada do assunto. O prejudicado nisso é o policial que se arrisca correndo atrás do bandido.
A grande denúncia do filme é a importância do fim da guerra fria para o crescimento do contrabando de armas. Uma questão lógica e simples. A corrida armamentista dos EUA versus a antiga União Soviética produziu um número absurdo de armas que nunca seriam usadas, pois a guerra nunca aconteceu. e ai eles vendem as armas. Não deve ser coincidência tantas guerras civis na África e o crescimento do terrorismo pelo mundo após o fim da guerra fria. Já aqui no Brasil os traficantes, também coincidentemente, adquiriram metralhadoras, granadas e fuzis depois deste período.
O roteiro também recai sobre o governo americano. Eles forneciam armas ao Afeganistão comandado por Osama Bin Laden, forneciam também para o Irã e Iraque, quem sabe aguardando que ambos se destruíssem e sobrasse o petróleo. Esse interesse americano por trás da destruição alheia é um elemento sutil para compreensão do final do filme, através do misterioso general. Afinal, enquanto os outros travam guerras, nós (EUA) crescemos e se possível lhes vendemos as armas. Se a guerra acabar, nós os ajudamos vendendo os produtos necessários para que eles se reconstruam. E assim são os EUA desde o fim da segunda guerra mundial, vendendo ajuda aos países destruídos.

Rafle Roustaing, nº 30.

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